Como repensar o valor que entregamos ao mundo?

Estamos em um momento de transição. Não apenas de estação, mas de percepção — sobre o que consumimos, por que consumimos e que papel as marcas têm nesse sistema.

Se os produtos continuam sendo a resposta padrão para qualquer demanda, talvez a gente esteja fazendo as perguntas erradas.

Esse mês, quero propor uma reflexão que tem me provocado bastante: não está na hora de mudarmos nosso foco de produto para serviço?

 

Do produto ao serviço: as cinco regras invisíveis que ainda guiam o consumo

A partir de uma série de provocações levantadas pelo documentário Buy Now! The Shopping Conspiracy, me vi repensando a fundo a lógica de valor que estrutura boa parte dos negócios hoje.

O documentário apresenta cinco “regras” silenciosas que ainda moldam a forma como grandes corporações pensam e operam — e que, muitas vezes, a gente também reproduz, mesmo sem perceber. Entender essas regras é essencial para quem quer inovar com propósito e entregar valor real.

Regra #1 — Vender mais a qualquer custo


O objetivo já não é atender a uma necessidade real. É criar desejo contínuo — muitas vezes, impulsivo e vazio. Interfaces são desenhadas para converter, e não para refletir.

  • Quando pensamos a partir do serviço, a lógica muda: não se trata de convencer, mas de resolver.

Regra #2 — Fazer com que dure menos


A obsolescência programada virou modelo de negócio.Produtos são criados para falhar — para gerar mais consumo.

  • Já um serviço bem desenhado valoriza a longevidade darelação, não a substituição constante.

Regra #3 — Fingir que se importa


O discurso sustentável virou ornamento de marketing.
Mas a prática, muitas vezes, ainda opera de forma extrativista e opaca.

  • Em serviços, a coerência entre discurso e entrega é testada todos os dias. Não dá para fingir o que não se vive.

Regra #4 — Esconder os rastros


A origem, o impacto e o descarte de produtos são invisibilizados.
O “depois da compra” não interessa.

  • Em contrapartida, o design de serviços traz à tona o backstage: o que acontece antes, durante e depois daentrega.

Regra #5 — Controlar o comportamento


Campanhas, algoritmos e experiências são construídos para manipular decisões,
muitas vezes sem que percebamos.

  • O serviço exige o oposto: escuta, adaptação, coautoria.Ele parte de quem usa, não de quem vende.

 

Ao enxergar essas regras, entendemos por que migrar de produto para serviço não é apenas uma mudança de oferta — é uma mudança de mentalidade.

Esse é o tipo de transição que o Service Design viabiliza: projetar experiências que criam vínculos reais, geram valor contínuo e constroem futuro. E mais do que nunca, é disso que precisamos.

 

Leitura do Mês

Documentário: “Buy Now! The Shopping Conspiracy”

Este mês, em vez de uma leitura, quero te convidar a assistir uma sugestão que pode ser tão impactante quanto um bom livro. Esse documentário é um verdadeiro mapa das engrenagens invisíveis que sustentam a lógica do consumo como ela é hoje — e, de certa forma, um convite para que a gente reestruture a forma como pensa nossos próprios negócios.

É um conteúdo que nos ajuda a questionar, repensar e propor alternativas. Perfeito para quem, como nós, acredita que experiência é mais do que entrega: é responsabilidade.

 

Tendência em Foco

Chaos packaging: quando a embalagem vira estratégia de atenção

A embalagem, que por muito tempo foi vista como mera proteção, agora é palco de uma disputa silenciosa — e visual — por atenção. E isso vem ganhando um novo nome no mercado: chaos packaging.

São marcas que usam formatos inesperados, disruptivos ou até confusos para capturar o olhar em prateleiras e feeds saturados de informação.

Protetor solar em lata de chantilly. Água em lata de cerveja. Absorvente em pote de sorvete. Tudo pensado para gerar curiosidade, causar dissonância e, com sorte, viralizar.

O insight por trás disso é claro: em um mundo onde storytelling ficou caro e disputado, a forma virou mídia.
E se a embalagem for boa o suficiente, ela conta a história sozinha.

Agora, trazendo isso para o nosso universo de serviços, a provocação é outra:


Como anda a “embalagem” da sua experiência? O que o seu serviço comunica antes mesmo de começar?


Você está conseguindo causar impacto sensorial, emocional ou simbólico na forma como entrega valor?

A boa experiência é, também, uma forma de design narrativo. E, quando bem feita, ela vale mais do que qualquer campanha paga.

Referências: Wall Street Journal

 

Vamos conversar?


Se você também está repensando o que entrega ao mundo — e quer entender como o design de serviços pode ajudar nessa transição— estou por aqui.


Na Bloom, temos apoiado empresas que querem sair do piloto automático e entrar num novo ciclo de valor. Vai ser um prazer te acompanhar nessa jornada.

Um abraço,
Marina

 
 
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Empreendedorismo Feminino: Construindo um Futuro com Autonomia